ERVA-MATE PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DO RIO GRANDE DO SUL

A erva-mate, um dos símbolos da identidade gaúcha, foi oficialmente reconhecida como o primeiro patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. Primeira vez que um registro dessa natureza é feito no estado, a cerimônia de oficialização ocorreu no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, durante a assinatura do termo de registro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), que reconheceu o valor histórico-cultural do Sistema Cultural e Socioambiental da Erva-Mate Tradicional, abrangendo seu cultivo e comercialização.

A solenidade contou com a presença do governador Eduardo Leite, da secretária da Cultura, Beatriz Araujo, do diretor do Departamento de Memória e Patrimônio da Secretaria da Cultura (Sedac), Eduardo Hahn, e do diretor do Iphae, Renato Savoldi. Também estiveram presentes o presidente do Ibramate, Alberto Tomelero, o presidente do Sindimate, Alvaro Pompermayer, prefeitos, autoridades e demais representantes de associações representativas da cadeia produtiva e de valor dos cinco polos produtivos do Estado.

Representantes da etnia Mbya Guarani, comunidades quilombolas e agricultores familiares, grupos que fazem parte das referências culturais e produtivas relacionadas à erva-mate, também estiveram presentes.

O governador destacou a identificação dos gaúchos com o hábito do chimarrão, cujo ingrediente principal é a erva-mate, e ressaltou a importância da preservação e proteção desse símbolo. Ele observou que o chimarrão é a bebida típica que popularizou a erva-mate e é companheiro do dia a dia dos gaúchos em um ritual que une famílias e amigos. O governador acrescentou que quando estão fora do estado, é possível identificar claramente outros gaúchos por meio desse hábito.

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de folha verde de erva-mate no país e o maior exportador nacional desse produto. A planta, que já foi reconhecida como árvore-símbolo do estado, é cultivada principalmente por pequenos produtores rurais em mais de 32 mil hectares.

Neste ponto, Leite ressaltou, também, a relevância econômica da erva-mate e os efeitos do seu registro como patrimônio cultural imaterial. Ele afirmou que qualquer esforço para valorizar e defender um patrimônio imaterial como esse agrega valor não apenas à produção, mas também a tudo que envolve essa cadeia produtiva. As propriedades e localidades mais conectadas ao sistema de cultivo tradicional da erva-mate têm a possibilidade de exploração turística, pois despertam o interesse das pessoas. Além da valorização da identidade cultural e dos povos originários envolvidos no processo, há também uma repercussão econômica positiva que impacta a vida das pessoas.

O processo para tornar a erva-mate um patrimônio imaterial teve início em 2022, quando o Iphae apresentou um parecer técnico que embasou o pedido de registro. Esse parecer foi analisado pela Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial (CTPCI) e aprovado por unanimidade em abril deste ano. O processo de instrução e indicação para o registro continha mais de 700 páginas de pesquisas sobre o tema.

A secretária Beatriz ressaltou a importância desse momento inédito para a cultura gaúcha e destacou o trabalho de conservação do patrimônio do Rio Grande do Sul realizado pela Sedac. Desde 2019, em parceria com mais de 20 instituições vinculadas à Secretaria da Cultura, eles têm trabalhado para proteger, reconhecer e apropriar a imensa riqueza e diversidade do patrimônio cultural coletivo por todos os cidadãos. Beatriz enfatizou que a valorização do patrimônio imaterial é também uma estratégia de desenvolvimento para as cidades.

Durante o evento, o governador recebeu um presente especial: um pacote de erva-mate produzida artesanalmente no carijo, uma estrutura tradicional utilizada pelos indígenas. O presente foi entregue pelo cacique Eduardo Timóteo, da aldeia indígena Água Grande Guarani Mbya, do município de Camaquã. A celebração também contou com a apresentação do coral indígena Teko Guarani, da etnia Mbya Guarani.

Secretária Beatriz Araujo na assinatura do termo de registro de Patrimonialização da Erva-Mate Tradicional.
Lotação esgotada no Galpão Crioulo do Palácio Piratini.
Cacique Eduardo Timóteo entrega ao governador erva-mate produzida artesanalmente no carijo.
Coral indígena Teko Guarani, da etnia Mbya Guarani.

Fotos: Mauricio Tonetto / Secom.